O próximo livro que eu vou comentar brevemente aqui também foi escrito por Ernst Mayr, uns dos maiores evolucionistas do século XX (leia aqui na postagem passada da série, um resumo rápido da sua história). “O que é Evolução” foi publicado em 2001, cinco anos após “Isto é Biologia”, e foi a segunda investida de Mayr no campo de divulgação científica. Nesse livro, Mayr está imerso no seu campo, e escreve e traduz muitos conceitos evolutivos de forma simples. Segundo o próprio autor escreveu no prefácio, o livro é dirigido a três tipos de leitores: (1) pessoas conscientes da evolução que estejam interessadas em saber mais sobre ela; (2) pessoas que aceitam a evolução, mas têm dúvidas se a explicação darwinista é a mais correta; e (3) criacionistas que queiram saber sobre o paradigma científico da evolução, mesmo que só para argumentar contra (e Mayr deixa claro que não quer convencê-los sobre a evolução). Embora esse livro seja menos técnico que o anterior, ele ainda pode ser um pouco árido em alguns pontos, como quando Mayr tenta explicar conceitos genéticos envolvidos no processo evolutivo.
“O que é Evolução” é dividido em quatro partes. Na primeira, Mayr vai direto ao ponto para discutir a principal resposta das perguntas do tipo “porquê?” da biologia. Ele relata brevemente a história das teorias evolutivas até o neo-darwinismo e depois mostra, uma a uma, as evidências da evolução que podem ser encontradas no planeta, como o registro fóssil, a similaridade morfológica e molecular entre os animais evolutivamente mais próximos, os padrões do desenvolvimento dos embriões, as estruturais vestigiais (que não são de todo funcionais em um organismo, mas foram herdada de um ancestral) e a distribuição das diferentes espécies pelos continentes. Mayr também escreve sobre como a vida teria surgido na Terra e como ela teria evoluído até os dias de hoje, com uma ênfase especial no surgimento dos animais e plantas, dos vertebrados e a origem das aves, que era o principal grupo de estudo do cientista (onde eu descobri que não, a galinha não é descendente dos dinossauros!).
Na segunda parte, a mais difícil do livro em minha opinião, Mayr explica como a evolução acontece, e para isso vai fundo nos conceitos genéticos. Ele explora também como as variações nas populações são importantes para a evolução, e discute as questões da capacidade de adaptação e da seleção natural.
Na terceira parte, que é a melhor do livro, Mayr mostra como a evolução criou a diversidade de espécies que vemos pelo mundo hoje, dando vários exemplos extremamente interessantes. Usando esses exemplos, ele explica a origens das espécies, como um grupo de uma população pode se tornar uma espécie como o passar do tempo e mostra como funciona a macroevolução.
Por último, Mayr dá uma enchida na linguiça: falando de evolução humana, ele basicamente repete o que escreveu no livro anterior, que já abordava esse assunto. Mas é uma parte que vale a pena ser lida se você está interessado na questão.
O livro também tem dois apêndices muito interessantes. Neles, Mayr mostra quais críticas têm sido feitas à Teoria da Evolução e como a explicação darwinista suporta bem a todas elas, se fortalecendo como melhor hipótese para explicar a evolução das espécies. Mayr também dá respostas rápidas para as dúvidas mais frequentes sobre a evolução (uma espécie de FAQ bem legal). Em suma, o segundo livro de Mayr para o público geral é bem interessante para aqueles que querem saber mais sobre o processo evolutivo. Mas é ainda é um pouco técnico demais em alguns momentos, o que pode afastar os leitores com pouca familiaridade em algumas áreas, especialmente genética.
Desculpe invadir seu blogue. Queria convidá-lo a deixar seu contato para uma ação de divulgação durante SNCT 2015 - que terá como tema a Luz.
ResponderExcluirhttp://genereporter.blogspot.com.br/2014/12/tem-um-blogue-de-ciencias-cadastre-o.html
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Ótimas festas.
[]s,
Roberto Takata
Caro Roberto,
ExcluirObrigado pelo convite; já cadastrei o blog lá. Vou tentar me envolver na SNCT esse ano pela UFRJ.
Abraços e boas festas!
Muito obrigado.
ExcluirQue legal. O diretor de Popularização do MCTI, Douglas Falcão é da UFRJ, não é?
[]s,
Roberto Takata
Pelo que eu sei ele fez mestrado lá, mas hoje está no Museu de Astronomia e Ciências Afins. Mas posso estar errado...
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