O cérebro continua sendo um dos
órgãos que mais nos intriga. Sabemos que o mesmo funciona a partir de diversos
tipos de células. Talvez o mais característico, o neurônio é responsável por
transmitir, interpretar e reagir a diversas informações internas (que venham de
dentro do nosso corpo), bem como externas (originadas no meio ambiente).
Sabemos que essas células têm capacidade limitada de se multiplicarem, sendo
esse um dos motivos de lesões em nervos ou no cérebro serem irreversíveis [por
enquanto!]. Entretanto, acreditava-se que neurônios de fato se multiplicavam,
mesmo durante a fase adulta, em uma região muito peculiar do cérebro, conhecida
como hipocampo. Essa região esta envolvida com o aprendizado e memória, estando
frequentemente comprometida em diversas doenças neurológicas, como, por
exemplo, o Mal de Alzheimer.
Cientistas espanhóis,
norte-americanos e chineses demonstraram, entretanto, que a formação de novos
neurônios, processo conhecido como neurogênese, diminui após o
nascimento e não é observado na idade adulta. Utilizando o tecido cerebral do hipotâlamo de seres humanos que faleceram e doaram seus órgãos para a
pesquisa, o grupo de cientistas observou que a neurogênese ocorre de maneira
intensa no período embrionário (dentro da barriga da mulher grávida),
diminuindo rapidamente durante a infância e adolescência. Esses resultados
foram também observados em um modelo primata, o macaco Rhesus (nome científico Macaca mulata).
O curioso é que, em outros
modelos animais mamíferos, como camundongos e ratos, a neurogênese ocorre mesmo
durante a fase adulta. Os cientistas ainda não sabem por que essa diferença. De
qualquer modo, os resultados publicados por esse grupo indicam, da maneira mais
completa até hoje, que nosso número de neurônios é determinado na fase
embrionária e na infância inicial. Esses resultados suportam a tese de que os
processos de memória e aprendizado ocorrem possivelmente através da neuroplasticidade
– evento em que nosso cérebro se adapta e se molda de acordo com os diversos
estímulos que ele recebe durante a vida. Na hipótese da neuroplasticidade, o
número de neurônios não precisa mudar, basta que estes se comuniquem de maneira
diferente, e o resultado é adaptação.
De qualquer forma, essa discussão
ainda não está finalizada. Outros grupos precisam confirmar os dados observados
para que os resultados sejam validados. De qualquer forma, esse é um grande
passo para continuarmos entendendo como nosso cérebro funciona do jeito que só
nós sabemos, mas que ainda não conseguimos explicar.
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