Acabou o Carnaval! Feliz Ano Novo! Começar o ano com um filme parece uma boa ideia!; então: “O Amante da Rainha” é um filme dinamarquês de 2012, com Alicia Vikander, Mads Mikkelsen e Mikkel Boe Følsgaard, escrito por Rasmus Heisterberg e Nikolaj Arcel, com base no romance “Prinsesse af blodet” (Princesa de sangue, em tradução livre feita pelo Google Tradutor, porque sei só umas dez palavras em dinamarquês, embora tenha morado na Dinamarca quatro meses (ô língua difícil!)), de Bodil Steensen-Leth, e dirigido pelo Nikolaj Arcel. O filme ganhou dois Ursos de Prata em Berlim, e foi indicado como melhor filme estrangeiro no Oscar e no Globo de Ouro.
Esse drama histórico tem como personagem principal Johann F. Struensee, médico alemão. Struensee se torna médico pessoal do rei Cristiano VII da Dinamarca e Noruega depois de acompanhá-lo por uma longa viagem por reinos europeus. O rei tinha vários problemas psiquiátricos, incluindo paranoia, automutilação e alucinações, dependia de acompanhamento médico intensivo e assim nunca governou de verdade. Struensse ganha a confiança do rei progressivamente. E também da rainha Caroline Matilda, princesa da Grã-Bretanha, que se viu presa em um casamento fracassado com um marido maluco. Por fim, Struensse e a rainha se tornam amantes.
A confiança do rei em Struensee se torna tão grande que ele o nomeia conselheiro real, e devido ao estado mental do rei, os conselhos de Struensee eram como ordens. Por fim, Struensse se autonomeia Conselheiro Privado do rei para fugir da interferência dos outros ministros e se torna o verdadeiro governante do Reino da Dinamarca.
Adepto do Iluminismo, Struensse começa uma revolução social na Dinamarca, assinando mais de 1000 decretos em 13 meses (mais de três por dia!). Entre as reformas estavam o fim da tortura, escravidão, censura da imprensa e privilégio dos nobres, taxação sobre apostas, organização de instituições de justiça, e reforma agrária. Struensse tornou o Reino da Dinamarca o mais progressivo na Europa na época.
Mas, isso é um blogue de Ciência! Cadê a Ciência?
Calma que está chegando! No final do século XVIII, estima-se que a varíola tenha infectado 60 % da população europeia e matado 400 mil pessoas por ano; ou seja a doença era muito grave. A varíola é causada por um vírus e é transmitida pelo ar, sendo muito difícil de controlar sua disseminação, especialmente em 1700 e qualquer coisa, quando se sabia muito pouco sobre o que causava as doenças. A varíola matou o Imperador Pedro II da Rússia em 1730, o Rei Luis XV da França em 1774, e a Imperatriz Maria Josefa da Baviera em 1767 e o Príncipe Maximiliano III José da Baviera dez anos depois. Se nem a realeza escapava, imagina o povo.
Em 1770, a epidemia de varíola chega à Dinamarca e começa a fazer suas vítimas em Copenhague. A família real não está na capital, mas não pode voltar. E a principal preocupação é com a saúde do príncipe herdeiro Frederico, na época com dois anos. Struensse sugere ao rei uma prevenção revolucionária na Europa: a inoculação.
A inoculação surge na China no século X, mas a técnica só chega à Europa no início do século XVIII. A ideia era contaminar a pessoa com o material presente nas feridas de um paciente com varíola através de uma pequena incisão na pele. Isso gerava uma infecção pequena que era controlada pelo organismo, mas era suficiente para estimular a imunidade à doença. De certo modo, a inoculação era uma forma primitiva (e perigosa) de vacinação.
O rei autoriza a inoculação do filho, que não se contamina durante a epidemia. Nunca vamos saber se foi a inoculação ou sorte, mas os historiadores acreditam que esse caso foi essencial para que Struensse ganhasse total confiança do rei (e o coração da rainha) e mudasse a história da Dinamarca. Além disso, a sobrevivência do príncipe Frederico foi importante para que as reformas de Struensse fossem consolidadas depois, durante o seu reinado.
A técnica de inoculação começaria a ser substituída pelo sistema de vacinação que começou a ser desenvolvido com o trabalho do cientista inglês Edward Jenner em 1798. Graças aos programas de vacinação em massa, a varíola foi a primeira doença a ser erradicada do planeta, em 1979, mas não sem antes de matar pelo menos 300 milhões de pessoas no século XX. Hoje apenas dois laboratórios de pesquisa no mundo, um nos Estados Unidos e um na Rússia, estão autorizados a manter amostras do vírus para fins de pesquisa, o que mantém sobre o planeta o risco de um ressurgimento acidental (ou bioterrorista) da varíola.
Esse drama histórico tem como personagem principal Johann F. Struensee, médico alemão. Struensee se torna médico pessoal do rei Cristiano VII da Dinamarca e Noruega depois de acompanhá-lo por uma longa viagem por reinos europeus. O rei tinha vários problemas psiquiátricos, incluindo paranoia, automutilação e alucinações, dependia de acompanhamento médico intensivo e assim nunca governou de verdade. Struensse ganha a confiança do rei progressivamente. E também da rainha Caroline Matilda, princesa da Grã-Bretanha, que se viu presa em um casamento fracassado com um marido maluco. Por fim, Struensse e a rainha se tornam amantes.
A confiança do rei em Struensee se torna tão grande que ele o nomeia conselheiro real, e devido ao estado mental do rei, os conselhos de Struensee eram como ordens. Por fim, Struensse se autonomeia Conselheiro Privado do rei para fugir da interferência dos outros ministros e se torna o verdadeiro governante do Reino da Dinamarca.
Adepto do Iluminismo, Struensse começa uma revolução social na Dinamarca, assinando mais de 1000 decretos em 13 meses (mais de três por dia!). Entre as reformas estavam o fim da tortura, escravidão, censura da imprensa e privilégio dos nobres, taxação sobre apostas, organização de instituições de justiça, e reforma agrária. Struensse tornou o Reino da Dinamarca o mais progressivo na Europa na época.
Mas, isso é um blogue de Ciência! Cadê a Ciência?
Calma que está chegando! No final do século XVIII, estima-se que a varíola tenha infectado 60 % da população europeia e matado 400 mil pessoas por ano; ou seja a doença era muito grave. A varíola é causada por um vírus e é transmitida pelo ar, sendo muito difícil de controlar sua disseminação, especialmente em 1700 e qualquer coisa, quando se sabia muito pouco sobre o que causava as doenças. A varíola matou o Imperador Pedro II da Rússia em 1730, o Rei Luis XV da França em 1774, e a Imperatriz Maria Josefa da Baviera em 1767 e o Príncipe Maximiliano III José da Baviera dez anos depois. Se nem a realeza escapava, imagina o povo.
Em 1770, a epidemia de varíola chega à Dinamarca e começa a fazer suas vítimas em Copenhague. A família real não está na capital, mas não pode voltar. E a principal preocupação é com a saúde do príncipe herdeiro Frederico, na época com dois anos. Struensse sugere ao rei uma prevenção revolucionária na Europa: a inoculação.
A inoculação surge na China no século X, mas a técnica só chega à Europa no início do século XVIII. A ideia era contaminar a pessoa com o material presente nas feridas de um paciente com varíola através de uma pequena incisão na pele. Isso gerava uma infecção pequena que era controlada pelo organismo, mas era suficiente para estimular a imunidade à doença. De certo modo, a inoculação era uma forma primitiva (e perigosa) de vacinação.
O rei autoriza a inoculação do filho, que não se contamina durante a epidemia. Nunca vamos saber se foi a inoculação ou sorte, mas os historiadores acreditam que esse caso foi essencial para que Struensse ganhasse total confiança do rei (e o coração da rainha) e mudasse a história da Dinamarca. Além disso, a sobrevivência do príncipe Frederico foi importante para que as reformas de Struensse fossem consolidadas depois, durante o seu reinado.
A técnica de inoculação começaria a ser substituída pelo sistema de vacinação que começou a ser desenvolvido com o trabalho do cientista inglês Edward Jenner em 1798. Graças aos programas de vacinação em massa, a varíola foi a primeira doença a ser erradicada do planeta, em 1979, mas não sem antes de matar pelo menos 300 milhões de pessoas no século XX. Hoje apenas dois laboratórios de pesquisa no mundo, um nos Estados Unidos e um na Rússia, estão autorizados a manter amostras do vírus para fins de pesquisa, o que mantém sobre o planeta o risco de um ressurgimento acidental (ou bioterrorista) da varíola.
Comentários
Postar um comentário