Frequentemente,
quando se trata de saúde, o papel de interações sociais é pouco estudado. No
senso comum, vemos alguma conexão. Quando estamos muito estressados na vida
profissional, pessoal ou afetiva, nada melhor que socializar com os amigos,
certo? Sentimo-nos melhores, mais dispostos, menos estressados. Mas o que a
ciência diz sobre isso?
Em
setembro deste ano, uma colaboração de cientistas dos Estados Unidos, Alemanha,
Uganda e Suiça demonstraram em macacos, que relações sociais afetivas atenuam
tanto o estresse agudo (seu chefe pediu um relatório pra ontem, bem
estressante!) quanto o estresse rotineiro. Macacos possuem relações sociais
características, demonstradas por compartilhamento de comida, defesa quando um
membro do seu grupo está em perigo e outros sinais de cooperação que se
assemelham a relações sociais humanas, permitindo a criação de certo paralelo.
Já
é sabido que nosso organismo é capaz de perceber estímulos, como situações de
estresse (físico, social, psicológico), interpretar esse estímulo e gerar uma resposta
através da liberação de diversos hormônios, dentre eles o cortisol. Este
hormônio é conhecido por ser o ‘’hormônio do estresse’’, visto que sua
liberação é aumentada em situações estressantes, e ele é o principal
responsável por alguns dos sintomas associados ao estresse, como má qualidade
do sono e baixa da imunidade.
Chimpanzés
silvestres de uma comunidade da Uganda foram observados durante um ano, em
fases distintas: Situação controle, onde o animal apenas dormia ou descansava
em um lugar, parado; Situação rotineira, onde eles exerciam uma atividade comum
para eles, no caso coçar/limpar outro macaco; e uma Situação de estresse agudo,
onde grupos de chimpanzés rivais se encontravam e disputavam território. Durante
essas 3 situações, animais foram divididos em 2 grupos: Chimpanzés que não socializavam
com outros animais, e chimpanzés que interagiam socialmente de maneira positiva
com outros chimpanzés. Os níveis de ‘’estresse’’ destes animais foi medido
através da análise de cortisol na urina. Interessantemente, a relação social
positiva foi capaz de reduzir os níveis de cortisol tanto durante estresse
agudo quanto na rotina.
Níveis
aumentados de cortisol cronicamente estão correlacionados com desenvolvimento
de câncer, doenças cardiovasculares e depressão. Ao observarem que socializar
constantemente promove o controle dos níveis de cortisol no organismo, os
pesquisadores propõe que essa pode passar a ser uma recomendação de saúde
pública caso os dados sejam confirmados em seres humanos. Agora já tem desculpa
pra ir encontrar seus amigos: ser mentalmente e fisicamente mais saudável por
diminuir o estresse!
Wittig, R.M. et. al., Social support reduces stress hormone levels in wild chimpanzees across
stressful events and everyday affiliations, Nature Communications, 2016
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