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Mostrando postagens de junho, 2016

A nossa corrida armamentista contra os microrganismos

“Agora, aqui, é preciso toda velocidade que você possa correr para ficar no mesmo lugar” (Alice através do espelho) Aproveitando que o filme de Tim Burton ainda deve estar em cartaz, selecionei para essa semana um artigo que fala de um conceito bastante discutido em biologia, mas pouco conhecido do público em geral (pelo menos das pessoas com quem já conversei sobre isso). A passagem que abre esse post, retirada do livro de Lewis Carroll, é a base da “Hipótese da Rainha Vermelha” (Red Queen Hypothesis), inicialmente usada em ecologia, mas com aplicações em diversas outras áreas 1 . Em uma de suas aplicações, essa ideia é usada para descrever as relações entre presas e predadores. Segundo essa linha, predadores desenvolvem estratégias para seu sucesso na captura da presa, enquanto a presa, por sua vez, desenvolve meios de fugir da investida do predador. Essa adaptação da presa, então, exige que o predador desenvolva novos meios, mais sofisticados, de caça, o que força, mais um

Malhar para não esquecer

Todos nós sabemos, intuitivamente, que a prática regular de exercícios físicos tem efeitos benéficos para o nosso organismo. A prática de exercício parece prevenir uma série de doenças crônicas e degenerativas, como artrite, câncer e diabetes 1 . Mas você já se perguntou como isso acontece? Quando pensamos nos nossos músculos em exercício, imaginamos apenas um tecido meio elástico e vermelho, que serve para fazer a movimentação dos ossos e articulações e, consequentemente, a movimentação do nosso corpo. Porém, o músculo não parece ser tão simples assim (como tudo em sistemas biológicos, raramente a coisa é simples). Estudos recentes mostram que o músculo em contração funciona não só mecanicamente, mas também é estimulado, pelo movimento, a produzir e liberar hormônios para a circulação 2 . Ou seja, mais que um mero motor, nosso músculo parece funcionar como uma fonte de hormônios que podem agir em outros órgãos do nosso corpo. E, pelo que parece, esses hormônios, chamados de mioc

Os micróbios que nos deixam gordos e como eles fazem isso

Pode parecer novidade para a maioria das pessoas, mas faz algum tempo que se mostrou que as bactérias no nosso intestino, a chamada microbiota , contribui para o ganho de peso e a obesidade 1 . Na verdade, o que parece é que as bactérias que vivem no nosso intestino nos ajudaram ao longo da história a retirar o máximo de energia dos alimentos 2 . E isso foi bom por muito tempo, quando a oferta de comida não era tão grande e os seres humanos precisavam coletar e caçar para comer. Atualmente, a oferta de alimento é imensa, mas nosso corpo - e os microrganismos que nele habitam - ainda se comporta como se estivéssemos na idade da pedra. Com isso, muitos de nós engordamos e nossa microbiota tem uma parcela razoável de culpa. Estudos de pouco mais de dez anos atrás mostram que há uma diferença clara nos tipos de bactérias encontradas no intestino de pessoas magras e obesas 3 . Mais que isso, a transferência do conteúdo intestinal de uma pessoa magra para uma pessoa obesa, melhora o