Pular para o conteúdo principal

Um ninho de proteínas

Fonte: jorgepinho2000.blogspot.com

Por muito tempo, se pensou que todas as proteínas presentes nas células tinham uma estrutura organizada, e que essa organização era essencial para as suas funções. Mas isso não é uma verdade absoluta; cerca de 40 % das proteínas que suas células produzem têm alguma parte da sua estrutura pouco ou nada organizada. Mais recentemente, pesquisadores têm observado e registrado a ocorrência de aglomerados de proteínas (imagine uma coisa tipo essas cobras aí em cima) com pouca estrutura dentro das células. Esses aglomerados se formam em determinados momentos e depois podem se desfazer, e as suas funções no organismo ainda são basicamente desconhecidas.

O fato é que esses bolos de proteínas parecem estar envolvidos na passagem de proteínas de um lugar para o outro na célula e também podem ser importantes em algumas doenças, como umas que atacam o cérebro e em alguns tipos de câncer. Assim, diferentes grupos de pesquisa e a indústria farmacêutica estão estudando novas moléculas que seriam capazes de interferir na formação ou na dissolução desses aglomerados de proteínas.

Quando estiverem disponíveis, esses compostos vão poder ser usados para entendermos melhor para que esses bolos de proteínas existem e talvez possam se tornar novos remédios no futuro.

Referência
TORETSKY, J. A; WRIGHT, P. E. Assemblages: functional units formed by cellular phase separation. The Journal of Cell Biology, v. 206, n. 5, p. 579–88, 2014.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Não, a fosfoamina não é (ainda) a cura do câncer

Em agosto desse ano, uma reportagem do portal G1 mostrou a luta de pacientes com câncer na justiça para receber cápsulas contendo o composto fosfoamina (na verdade, fosfoetanolamina) que supostamente curaria a doença. O “remédio” era produzido e distribuído pelo campus da Universidade de São Paulo na cidade de São Carlos, mas a distribuição foi suspensa por decisão da própria reitoria, já que o composto não é registrado na ANVISA (todo remédio comercializado no país deve ser registrado) e não teve eficiência comprovada. Porém, alguns dos pacientes tratados com a fosfoamina relatam que foram curados e trazem exames e outras coisas para provar. Segundo o professor aposentado Gilberto O. Chierice (que participou dos estudos com a substância), “A fosfoamina está aí, à disposição, para quem quiser curar câncer”. Mas, vamos devagar, professor Gilberto; se a fosfoamina realmente é a cura para o câncer, por que não foi pedido o registro na ANVISA? O Governo Federal poderia produzir gran

Não, suco de melão São Caetano não é a cura do câncer

Recebi pelo Facebook um link para uma postagem do blogue Cura pela Natureza . Lá é descrito o poder de uma planta medicinal capaz de curar o câncer, controlar o diabetes e, de quebra, fortalecer a imunidade do corpo. Sinistro, né? A planta em questão é chamada de melão São Caetano ou melão amargo. Conhecida cientificamente como Momordica charantia , essa planta faz parte da família Cucurbitaceae, junto com outras plantas famosas, como a abóbora, o pepino e a melancia. Ela cresce bem nas áreas tropicais e subtropicais da África, Ásia e Austrália, e foi trazida ao Brasil pelos escravos. O texto cita o Dr. Frank Shallenberger, dos Estados Unidos, que seria o descobridor dos efeitos medicinais da planta. Fui então atrás das pesquisas publicadas pelo Dr. Shallenberger para saber mais sobre os poderes do melão São Caetano. E descobri que ele nunca publicou nenhum trabalho científico sobre a planta (na verdade, ele nunca publicou qualquer coisa!). Como que a

Rapte-me, Camaleoa!

Recebi recentemente pelo Whatsapp um vídeo do Instagram mostrando um camaleão escalando uma série de lápis de cor diferentes. Cada vez que ele encostava a pata em um novo lápis, a cor dele mudava rapidamente, de acordo com a cor do lápis. Muito legal! Pena que não é verdade. O vídeo era originalmente de um perfil de um camaleão de estimação e o responsável alterou o vídeo digitalmente, incluindo essas mudanças de cores rápidas no bicho. Ele deixou um aviso no vídeo original, explicando que era computação gráfica e que tinha feito só para ser divertido. Mas isso não impediu outras pessoas de retirarem o aviso e divulgarem pela Internet. Fazer o quê? Mas aqui embaixo tem um vídeo mostrando como de fato um camaleão muda de cor. Reparem duas coisas: 1) o vídeo está acelerado dez vezes, ou seja, a mudança de cor é lenta; e 2) ficando mais amarelo avermelhando, a última coisa que ele está fazendo é ficar mais camuflado. Eu sempre me perguntei como o camaleão sabia que cor ele tinha que esco