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Mostrando postagens de julho, 2014

O que você e os corais têm em comum?

O coral Acropora digitfera (Fonte: coral.aims.gov.au ) Muitas coisas, e, entre elas, a forma como as células “se matam”, de acordo com um trabalho publicado por pesquisadores americanos na revista Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America . Mas uma coisa de cada vez. (A propósito, os corais são animais, e não pedras, certo?)  As evidências da evolução das espécies e da origem única da vida na Terra são esmagadoras. Por exemplo, alguns genes presentes no DNA humano podem ser encontrados na grande maioria, se não em todos, os seres vivos. O código genético (ou seja, a forma como a célula “lê o que está escrito” no DNA) também é basicamente igual em todas as formas de vida na Terra. Que a atual vida surgiu no planeta mais de uma vez ou que o ser superior criou todos os seres de modo independente, sem uma história em comum entre eles, são, no mínimo, hipóteses bem difíceis de serem sustentadas com essas e muitas outras evidências

Degeneração macular: radicais livres + sistema imune

(Fonte: www.deborapedroso.com ) A degeneração macular é principal causa de problemas de visão e cegueira em pessoas idosas no mundo desenvolvido. Existem diferentes causas para ela e, por isso, o mecanismo por traz da doença ainda é desconhecido. Recentemente, pesquisadores americanos publicaram os resultados das suas pesquisas na revista PLoS ONE , onde mostram avanços no entendimento de como a doença acontece e uma forma experimental para combatê-la. Os resultados indicam que a degeneração macular é, pelo menos parcialmente, causada por danos resultantes dos radicais livres e ativação desregulada do sistema imune do corpo. Os pesquisadores já sabiam que os olhos das pessoas afetadas pela degeneração macular apresentavam uma maior quantidade de um lipídeo específico, danificado pelos radicais livres. Quando testado no laboratório, esse lipídeo causou a ativação de células do sistema imune e inflamação das células da retina. Então us

Dor genética

(Fonte: www.drrobertorocha.com.br) Estudos para determinar se uma doença tem fundo genético em humanos são difíceis de serem realizados, e a interpretação dos resultados tem que ser feita com cuidado. Isso porque é complicado separar o que é influência dos genes do que é efeito do ambiente onde as pessoas vivem. Por exemplo, eu citei estudos sobre a genética da obesidade algumas postagens atrás. Nesse caso, vamos pensar em uma família com excesso de peso. Os pais passaram seus genes para os filhos, mas também os criaram de acordo com os seus hábitos culturais não genéticos. Então, os seus filhos também são obesos por culpa dos genes ou dos hábitos, que podem incluir uma dieta longe de ser balanceada e pouco exercício físico? Provavelmente, os dois. Mas qual é o peso de cada um? Para alguns estudos, o uso de modelos experimentais permite controlar todas as variáveis ambientais e analisar apenas a culpa dos genes. Por exemplo, pesquisas com as mosquinhas drosófilas

Um vírus contra o câncer

(Fonte: cienciasetecnologia.com ) Os vírus podem ser considerados parasitas moleculares. Eles são muitos simples, formados por um material genético protegido por uma capa de proteínas. Assim, eles dependem da célula hospedeira para tudo. Quando um vírus entra em ação, seu material genético toma a célula como “escrava” e usa o metabolismo dela para a produção do que ele precisa, mas não consegue fazer sozinho. Isso inclui mais material genético e proteínas virais. Quando um grande número de novos vírus foi formado, a célula não aguenta, rompe e libera novos vírus que vão infectar outras células próximas. Assim, a infecção se espalha pelo organismo. Mas como os vírus tem um material genético simples, eles podem ser manipulados e transformados em laboratório de modo relativamente fácil, no melhor estilo filme de ficção científica. Podemos modificar os vírus e torná-los inofensivos para a produção de vacinas, ou usá-los para alterar a genética de plantas, ou ainda, tra

Sangue novo no pedaço

(Fonte: www.conexao.org.br ) Roberto Marinho, que herdou do pai as Organizações Globo e multiplicou seu patrimônio, morreu em 2003 com 98 anos. Grande longevidade! O cara viveu para burro! Sobre isso, algumas pessoas diriam o clássico ditado “Vaso ruim não quebra!”. Mas, quando eu era moleque, rolava uma lenda urbana de que o Marinho vivia muito e bem porque transferia sangue de recém-nascidos para o seu corpo... Bizarro e macabro, até para o líder da Globo. Além do mais, sem nenhum dado científico que comprovasse qualquer melho... Não, pera! Cientistas americanos, que publicaram os resultados das suas pesquisas em dois trabalhos na lendária revista Science , identificam uma proteína presente no sangue de indivíduos jovem que ajuda na regeneração dos músculos e cérebro de indivíduos idosos. Que história é essa? Tanto a regeneração dos músculos depois de um dano qualquer quanto a formação de novos neurônios depende de células-tronco especializadas nesses dois órgãos. Os músculo

Como a célula duplica seu DNA e como podemos combater o câncer

(Fonte: bioqdocancer.blogspot.com ) Todo mundo já deve ter visto a representação de um cromossomo no núcleo de uma célula em algum lugar, nem que tenha sido no CSI. Os cromossomos são feitos do DNA da célula e, embora eles só sejam efetivamente vistos em uma etapa da vida da célula, estão sempre lá. Na maior parte do tempo, os cromossomos estão espalhados pelo núcleo da célula, formando o que se chama de cromatina. Mas tanto os cromossomos quanto a cromatina não são DNA puro; existem muitas proteínas, com as mais variadas funções, ligadas a ele. Uma dessas funções é manter a estrutura da cromatina e as proteínas chamadas histonas são responsáveis por ela (mas não somente; isso talvez fique para outra postagem). Sempre que a célula vai se dividir para gerar duas células-filhas, ela também precisa duplicar o seu DNA; caso contrário, sobraria metade para cada célula e elas não sobreviveriam. Ai começa o problema: a célula precisa tirar as histonas para duplicar o DNA antigo, mas nã

Desvendando (aos poucos) a memória

(Fonte: anabolismo.org ) Vocês já pararam para pensar em como o processo de guardar memórias no cérebro e lembrá-las depois é, em termos biológicos, muito bizarro? Nosso cérebro se resume, grosseiramente, a um montão de neurônios e outras células, cheias de proteínas dentro. Então, como raios isso consegue estocar o cheiro do perfume da sua mãe e fazer você se lembrar dele anos depois? Sinistrezas da Natureza! A Ciência ainda engatinha nessa área, mas alguns pontos do processo de como neurônios e proteínas viram memórias começam a ser entendidos. Por exemplo, alguns resultados mostram que o agrupamento e a estabilização de proteínas, chamadas de caderinas, na membrana dos neurônios, na região próxima às sinapses (que são os locais onde dois neurônios se “encostam” e se comunicam quimicamente) estão envolvidas na aquisição de memórias. Outra proteína que tem papel nessa função do cérebro é a δ (letra grega delta)-cadenina. (Não é erro de digitação! Deixo claro que a culpa não é mi

Explorando algas para estudar neurônios

(Fonte: www.mundobiologia.com ) Acho que todo mundo sabe, ou imagina, que algas não têm neurônios, muito menos cérebro. Então qual é o sentido desse título? Essa é uma postagem para mostrar como um estudo exploratório pode revelar que a Natureza já tem pronto o que a gente fica anos tentando fazer trancados dentro de um laboratório. Em 2005, o neurocientista Karl Deisseroth, da Universidade de Stanford nos Estados Unidos, desenvolveu um novo método para ativar neurônios em modelos experimentais em laboratório, usando luzes coloridas vinda de lasers. Para isso, é necessário que os cientistas façam com que os neurônios produzam proteínas especiais que “vejam” a luz, as chamadas opsinas (que estão presentes na sua retina e permitem que você enxergue as cores). Essa técnica foi batizada de optogenética e permite o estudo do funcionamento de células neuronais, sendo uma promessa para ajudar na compreensão de desordens de ansiedade, transtorno obessivo-compulsivo, vícios em drogas e o

O “gene” da obesidade?

(Fonte: gastro.com.br) É comum vermos na televisão ou na Internet reportagens divulgando pesquisas científicas que teriam descoberto o gene da obesidade. Isso passa a impressão que o peso do nosso corpo é simplesmente regulado por um único gene, que herdamos dos nossos pais. Mas é fácil perceber que isso não faz sentido. Se a vida fosse simples assim, todo filho de um casal obeso necessariamente seria obeso. Mas eu acredito que você conhece pelo menos um caso que contraria essa regra e derruba a nossa hipótese. Resumindo: não posso colocar a culpa do meu excesso de peso só nos meus genes. Essa frase diz tudo: “os genes carregam a arma, mas o ambiente puxa o gatilho”. Mas, é claro que os genes também têm culpa no cartório. Por exemplo, quando pesquisadores estudaram gêmeos idênticos (que têm exatamente a mesma composição genética) e não idênticos (que são tão parecidos entre si como quaisquer irmãos) descobriram que os gêmeos idênticos têm peso mais parecido entre si do que os não

No sangue e no osso

(Fonte: blogdotarso.com) É claro que vocês viram: na sexta, depois de uma joelhada nas costas, o camisa 10 da Seleção Brasileira fraturou uma vértebra lombar. #ForçaNeymar A lesão é grave e Neymar Jr. não vai mais jogar a Copa das copas. Mas ele tem 22 anos, vai se recuperar rápido e deve voltar aos gramados em até seis semanas. Mas a minha avó (beijo, Dona Sofia) já tem 80 e muitos. No sábado da semana passada, ela tropeçou e caiu. Felizmente, não quebrou nenhum osso, mas se tivesse a sua recuperação seria muito mais difícil e longa que a do Neymar. Não é óbvio para todo mundo, mas os ossos não são um simples depósito de minerais que sustenta os músculos; os ossos são tecidos vivos, que estão em constante degradação, formação e regeneração. E como todo tecido vivo, os ossos são irrigados por vasos sanguíneos. O sangue transporta células, oxigênio, nutrientes e excreções do metabolismo através do corpo, mas as células que formam os vasos sanguíneos também produze

Nova engrenagem do relógio biológico (e o que o estresse pode ter a ver com isso)

Ainda estamos no inverno, mas, todo o verão, ouvimos pessoas defendendo ou reclamando o horário de verão. O argumento dos que reclamam sempre pende para a desregulação do relógio biológico. Os que defendem acham que isso é frescura. Mas é fato que o tal relógio biológico existe em vários organismos, desde bactérias, passando por plantas e insetos, até mamíferos como nós. Nos humanos, esse sistema regula muito além do ciclo de sono e vigília (ou seja, quando você fica com sono ou ligadão); a atividade locomotora e até a secreção de hormônios são regulados pelo relógio biológico. Dessa forma, como era de se esperar, a perturbação desse ciclo não causa apenas problemas de sono ou cansaço, mas também problemas metabólicos e psiquiátricos (tenho certeza que você conhece alguém que beira a loucura depois de uma noite mal dormida!). O funcionamento desse relógio (também chamado de ritmo circadiano) começou a ser descrito nas moscas drosófilas (sim, aquelas das aulas de biolo