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Mostrando postagens de 2014

Proteínas brilhantes e a glicose do sangue

Pessoas com diabetes precisam estar sempre controlando a quantidade de glicose no sangue, principalmente aquelas que usam insulina regularmente. Elas precisam medir os níveis de açúcar várias vezes ao dia e dependendo do resultado tomar ou não o hormônio. Uma medição precisa da glicose é importante, pois uma dose muito alta de insulina pode levar a uma grande redução do açúcar e causar sonolência, desmaio e até morte. A forma padrão que os diabéticos usam para medir a glicose em casa é aquele aparelho que usa fitas e uma gota de sangue tirada do dedo. Porém, esse método apresenta alguns problemas. Ele não funciona bem quando os níveis de glicose estão baixos, o que é perigoso. Além disso, a quantidade de células vermelhas no sangue e alguns remédios usados pelos diabéticos podem interferir na dosagem e apresentar uma glicemia maior que a real. Por isso, novas formas de medir a glicose do sangue estão sendo desenvolvidas. Pesquisadores americanos publicaram seus resul

Biblioteca da Torre – “O que é Evolução”, de Ernst Mayr

O próximo livro que eu vou comentar brevemente aqui também foi escrito por Ernst Mayr, uns dos maiores evolucionistas do século XX (leia aqui na postagem passada da série, um resumo rápido da sua história). “O que é Evolução” foi publicado em 2001, cinco anos após “Isto é Biologia”, e foi a segunda investida de Mayr no campo de divulgação científica. Nesse livro, Mayr está imerso no seu campo, e escreve e traduz muitos conceitos evolutivos de forma simples. Segundo o próprio autor escreveu no prefácio, o livro é dirigido a três tipos de leitores: (1) pessoas conscientes da evolução que estejam interessadas em saber mais sobre ela; (2) pessoas que aceitam a evolução, mas têm dúvidas se a explicação darwinista é a mais correta; e (3) criacionistas que queiram saber sobre o paradigma científico da evolução, mesmo que só para argumentar contra (e Mayr deixa claro que não quer convencê-los sobre a evolução). Embora esse livro seja menos técnico que o anterior, ele ainda pode ser um pouc

Um ninho de proteínas

Fonte: jorgepinho2000.blogspot.com Por muito tempo, se pensou que todas as proteínas presentes nas células tinham uma estrutura organizada, e que essa organização era essencial para as suas funções. Mas isso não é uma verdade absoluta; cerca de 40 % das proteínas que suas células produzem têm alguma parte da sua estrutura pouco ou nada organizada. Mais recentemente, pesquisadores têm observado e registrado a ocorrência de aglomerados de proteínas (imagine uma coisa tipo essas cobras aí em cima) com pouca estrutura dentro das células. Esses aglomerados se formam em determinados momentos e depois podem se desfazer, e as suas funções no organismo ainda são basicamente desconhecidas. O fato é que esses bolos de proteínas parecem estar envolvidos na passagem de proteínas de um lugar para o outro na célula e também podem ser importantes em algumas doenças, como umas que atacam o cérebro e em alguns tipos de câncer. Assim, diferentes grupos de pesquisa e a indústria far

As bactérias da sua barriga podem fazer você comer mais chocolate?

Fonte: hypescience.com A forma como a gente escolhe o que vai comer tem grande influência sobre o nosso peso, e assim é ponto importante para se evitar a obesidade e todos os problemas de saúde que ela traz junto, como pressão, colesterol e glicose altos. Já escrevi aqui que isso pode ter um fundo genético. Mas, ao que parece, as bactérias que você carrega de carona na barriga (sua microbiota intestinal) podem estar manipulando seu corpo e te fazendo comer o que elas querem, na hora que elas querem. E isso nem sempre é o mais saudável para você. Essa disputa entre a microbiota intestinal e você na hora que escolher o almoço no cardápio vem sendo estudada recentemente. E força de vontade para não comer no Burger King pode não ser suficiente! A sua microbiota é composta de uma grande diversidade de bactérias, onde cada tipo de bactérias cresce melhor com diferentes tipos de alimentos que você come. Se alguma dessas bactérias pudesse produzir um tipo de substância qu

"A Porta de Marfim" faz um ano hoje!

(Fonte: livrosobrelivro.blogspot.com ) "A Porta de Marfim" sobreviveu às minhas reuniões, e aulas, e provas, e outros compromissos acadêmicos, e hoje completa um ano de vida! Nesse ano foram mais de 4 mil visualizações individuais, em 44 postagens, o que dá uma média de 56 visualizações por postagem. A postagem com mais acessos foi disparada "Evite o leite, se você quiser! (Mas evite acreditar em tudo na Internet, pela sua saúde!)", com 800 visualizações. O Facebook foi a principal porta de acesso ao Blog, com mais de 500 acessos por essa via. E o principal público é brasileiro, com mais da metade dos acessos vindo do território nacional. O projeto ainda é pequeno, mas ao poucos vou tentando traduzir as pesquisas científicas para um público mais amplo, embora eu saiba que ainda falta muito para atingir esse objetivo. E vou tentar expandir a Torre. Quem sabe não entro no Youtube, se o tempo permitir?

Como o Ebola mata tanto?

Fonte: extra.globo.com No momento em que escrevo essa postagem, a epidemia de Ebola de 2014 já infectou quase 16 mil pessoas na África e causou a morte de quase seis mil, tendo uma taxa de mortalidade que beira 40 %. Quando você estiver lendo, o número já será maior. E provavelmente, embora muitos altos, esses números são menor do que a realidade, já que o colapso do frágil sistema de saúde dos países afetados impede que todos os casos sejam diagnosticados. Mas por que o Ebola é tão mortal? Primeiro, precisamos entender como o nosso corpo se defende dos vírus. Como eu já escrevi antes , os vírus não são capazes de produzir suas próprias proteínas e, por isso, precisam invadir as células do hospedeiro e usar os seus recursos. Para se proteger dessa invasão, uma das coisas que o nosso corpo vai é produzir uma proteína, chamada interferon. O interferon “avisa” as células da presença do vírus e faz com que elas produzam substâncias antivirais para se proteger. Como ele

Cultura de célula 2.0 vai ajudar no estudo do cérebro

Fonte: www.cartacapital.com.br O cérebro é extremamente complexo. Células, com diferentes estruturas e funções, se comunicam para transmitir impulsos nervosos que controlam muitas atividades por todo o organismo. A própria estrutura tridimensional do órgão é importante para as suas funções. Assim, o melhor modelo para estudar o cérebro é o próprio cérebro. Mas como nós não podemos viver sem o nosso, dependemos de animais de laboratório para realizar experimentos de fisiologia cerebral. E, como as cobaias também não vivem sem cérebro, elas precisam ser eutanasiadas no fim dos experimentos, na grande maioria das vezes. Métodos alternativos para o estudo do cérebro ainda são falhos em reproduzir o que acontece dentro da caixa craneana. Por exemplo, uma cultura de neurônios em laboratório está muito longe de representar a complexidade do cérebro, embora funcione muito bem em estudos sobre a fisiologia dos neurônios em si. Para atacar esse problema, pesquisadores americ

Novo caminho para o tratamento do diabetes

Fonte: www.mundodastribos.com O diabetes, doença caracterizada pelos altos níveis de açúcar no sangue, atinge cerca de 20 milhões de brasileiros. A doença é classificada em dois tipos. No diabetes tipo I, a pessoa é incapaz de produzir ou liberar o hormônio insulina, responsável por fazer as células do corpo, principalmente fígado, músculos e tecido adiposo (que acumula gordura), pegarem a glicose do sangue. O diabetes tipo I normalmente aparece ainda na infância e esses indivíduos são tratados com o recebimento de doses injetáveis de insulina. Já no diabetes tipo II, as pessoas produzem insulina (na maioria das vezes até demais), mas as células não são capazes de “sentir” o hormônio e não retiram o açúcar do sangue, o que faz com que a glicose permaneça alta. O diabetes tipo II está claramente associada à obesidade e é uma doença crônica, que pode levar ao entupimento dos vasos sanguíneos (aterosclerose), danos na retina (que pode levar até a cegueira), pressão alta, problemas de

Novos passos no entendimento da leucemia

Fonte: www.oitopassos.com A leucemia linfoide aguda é o câncer infantil mais comum. A taxa de cura é alta e gira em torno de 90 %, porém ela ainda é a principal causa de morte de crianças nos países desenvolvidos. Os pacientes têm uma produção descontrolada de leucócitos (que são células do sangue, responsáveis pela defesa do organismo). O excesso dessas células, pouco desenvolvidas e malignas, causam diversos sintomas, como fraqueza, febre, perda de peso, sangramentos e dores nas juntas. Os cientistas ainda não sabem totalmente o que causa a divisão descontrolada dos leucócitos e muitos genes defeituosos estão envolvidos no processo. Um desses genes, que foi implicado na doença recentemente, é chamado de Pax5 . Pax5 é um fator de transcrição, ou seja, é um gene cuja função é regular a atividade de outros genes. Mas o papel de Pax5 na leucemia ainda é pouco entendido. Com isso em mente, pesquisadores da Austrália, Áustria e Estados Unidos criaram um

Avançando o sinal vermelho

Fonte: wellingtonflagg.blogspot.com Har G. Khorana Como as informações escritas nos nossos genes são lidas para a formação das proteínas do nosso corpo? Primeiro, os genes presentes no seu DNA são copiados em moléculas de RNA, num processo chamado transcrição. Esse RNA possui a mesma sequência que estava no DNA (com exceção do “T”, que no RNA passa a ser “U”). Em seguida, esse RNA é “lido” por estruturas celulares chamadas ribossomos. Cada três “letras” do RNA funcionam como uma sílaba (que é chamada de códon) e indicam qual aminoácido deve ser colocado para a formação das mais diversas proteínas, no processode tradução. Esse código de três letras é o famoso código genético e foi decifrado por Har Gobind Khorana , Robert W. Holley e Marshall Nirenberg , que receberam o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1968. O código genético também indica quando uma proteína deve começar a ser feita e quando ela deve terminar. A sequência de letras “AUG” indica que os ribossomos

Biblioteca da Torre - “Isto é Biologia: A Ciência do Mundo Vivo”, de Ernst Mayr

Ernst Mayr (Fonte: en.wikipedia.org) Ernst Mary foi um dos maiores evolucionistas da história da Biologia e ator principal da chamada Síntese Neodarwinista do século XX. Biólogo alemão, Mayr se dedicou à ornitologia (estudo das aves) no início da sua carreira, mas suas maiores contribuições foram dadas ao campo da evolução das espécies. Mayr definiu o Conceito Biológico de Espécie, que considera uma espécie não como um grupo de indivíduos similares em sua aparência, mas sim um grupo de seres capazes de se reproduzir entre si, gerando descendentes férteis. Esse conceito de espécie é o mais usado no estudo dos animais e sua evolução. Mayr também desenvolveu estudos sobre como as novas espécies surgem a partir de um ancestral comum e elaborou a teoria da especiação peripátrica, onde pequenos grupos de indivíduos podem ocupar nichos na periferia da área onde a espécie vive, e se isolar e mudar rapidamente com o passar das gerações. Além de tudo isso, Mayr se dedicou a

Mais um gene do infarto e do derrame

Fonte: revistavivasaude.uol.com.br Eu já escrevi isso aqui : “os genes carregam a arma, mas o ambiente puxa o gatilho”. Ou seja, tanto os genes que recebemos dos nossos pais quanto o nosso estilo de vida têm influência sobre a maior parte das nossas características (incluindo as doenças metabólicas). Mas é importante descobrir genes que possam estar envolvidos com o surgimento de doenças e entender como eles funcionam, para que pessoas que os carregam possam ser avisadas tratadas de modo precoce. Isso pode evitar, ou pelo menos adiar, o aparecimento dos problemas. Como esse objetivo, pesquisadores do Reino Unido fizeram uma profunda busca na literatura científica e juntaram os resultados de dezenas de trabalhos publicados para verificar a relação entre um gene e o risco do desenvolvimento de infartos e AVCs (que no meu tempo se chamava derrame). O gene em questão codifica a proteína glicoproteína IIIa (abreviada GPIIIa). Essa proteína possui diversas variantes, que

O que água e esgoto têm a ver com experimentação animal?

  Fonte: ramonlamar.blogspot.com Assisti a um vídeo no Youtube , enviado pelo Prof. Thales Trez, do Departamento de Ciências Humanas, da Universidade Federal de Alfenas, Minas Gerais. O vídeo começa com uma variação da pergunta que uso como título desse artigo. A minha resposta: - Nada, professor... O Dr. Trez discorre pelos 7 minutos do vídeo uma série de fatos e argumentos, concluindo que, embora camundongos e humanos sejam 90 % geneticamente idênticos, usar esses roedores como modelos para pesquisa humana é tão absurdo quanto beber água contaminada com 10 % de esgoto porque 90 % dela ainda são puro H2O. Muitos dos fatos e argumentos são válidos. Mas, usando outra analogia, Trez é pessimista e vê o copo meio vazio. Eu prefiro ver os mesmos fatos enchendo metade do copo. A minha visão e resposta seguem abaixo. Trez diz que o melhor modelo para estudos de fisiologia humana são os próprios humanos. Ele não pode estar mais certo! Os nossos modelos animais atuais possuem diversas l

Nova molécula contra um câncer cerebral

Fonte:  veja.abril.com.br Em julho, eu escrevi sobre uma pesquisa que utilizou vírus modificados contra um tipo de câncer, chamado glioblastoma. Hoje, eu volto a falar desse câncer, devido a sua importância. Como disse antes, o glioblastoma é extremamente agressivo e os tratamentos disponíveis hoje são pouco eficazes. Assim, a sobrevivência dos pacientes gira em torno de 14 meses após o diagnóstico. Por isso, muitos grupos buscam novas formas de tratamento para o glioblastoma. Agora, cientistas chineses descreveram a ação de um composto que é uma nova esperança contra esse câncer. Os resultados foram publicados na revista CNS Neuroscience & Therapeutics . A molécula, chamada NSC141562 (mas apelidada de BASI), já era conhecida, porém seu efeito sobre o glioblastoma ainda não tinha sido testado. Os pesquisadores viram que o composto reduziu as propriedades cancerígenas das células de glioblastoma em cultura, reduzindo a divisão das células e a sua capacidade de invadir outr

Aqui só tem macho!

Fonte: oglobo.globo.com A malária é hoje a doença infecciosa que mais mata no mundo; ela mata mais que a AIDS e a tuberculose. Cerca de 700 mil pessoas morrem todos os anos em decorrência da doença, principalmente crianças africanas. A conta é simples: uma criança africana morre de malária por minuto! Porém, a malária deveria ser mais fácil de controlar do que a AIDS e a tuberculose. Enquanto as duas últimas são transmitidas de pessoa para pessoa, a malária é obrigatoriamente transmitida por mosquitos. Isso cria dois pontos para enfrentar a doença: o parasita em si e o mosquito. Mas estamos perdendo a batalha. Os medicamentos para combater a doença são antigos e pouco eficientes. E os mosquitos estão cada vez mais resistentes aos inseticidas usados e outros métodos de controle. É urgente que novas formas sejam desenvolvidas. Nesse ponto, a engenharia genética pode dar uma mão, através da criação de mosquitos transgênicos. Diferentes grupos de pesquisas pelo mundo t

Para que sequenciar o genoma de um verme?

Fonte: info.abril.com.br Sequenciar o genoma de um organismo significa “ler” uma monótona e longa lista de “letras”: A, T, C e G. Cada “letra” dessa é, na verdade, uma sigla para indicar um componente do DNA, que uma cadeia de moléculas chamadas nucleotídeos. A indica adenina; T, timidina; C, citidina; e finalmente G significa guanidina. Essa sequência de nucleotídeos é especifica para cada organismo e contém toda a informação genética necessária para que ele viva. E por que é interessante conhecer o genoma dos organismos? Existem vários motivos. A gente pode se conhecer melhor. O sequenciamento do genoma humano permitiu que encontrássemos genes até então desconhecidos e pedaços inteiros de DNA que ainda não sabemos qual é a função. Várias doenças humanas são causadas por erros, pré-existentes ou adquiridos durante a vida, no genoma. O albinismo e o câncer são exemplos disso. Entender como genoma humano funciona como um todo pode ajudar a curar doenças e combater d